Definição:
As hérnias discais são deslocações anormais dos discos intervertebrais.
Entre todas as vertebras da coluna existem os discos intervertebrais que permite à coluna ter maior mobilidade. Estes discos são formados por duas partes: anel fibroso e núcleo pulposo. Por vezes, a parte dorsal do anel fibroso rompe e ocorre protrusão do núcleo para o canal medular. A este processo chama-se hérnia discal.
Este acontecimento provoca dor aguda e muitos outros sintomas que variam consoante a localização da hérnia.
A maior parte das hérnia discais aparece em cães entre os 3 e os 6 anos, apesar de poderem ocorrer em animais de todas as idades.
Outros sinais clínicos associados:
Os sintomas podem aparecer rapidamente em poucos minutos, ou horas após a protrusão.
Por vezes, os sintomas evoluem lentamente ao longo de vários dias, podendo passar por períodos de melhoria e agravamentos intermitentes durante várias semanas.
O animal apresenta hipersensibilidade na zona afectada, gritos ao mover ou tocar na zona, renitência a saltar ou a subir escadas, ou caminha com as espadas arqueadas.
Se a hérnia é cervical, o animal apresenta rigidez da cabeça e pescoço e grita quando se tenta manipular a cabeça. Por vezes ocorrem espasmos da musculatura cervical.
Quando o processo de protrusão é bastante grave, aparecem sinais neurológicos como défice de sensibilidade e paralisia dos membros.
Se a lesão for a nível cervical o animal irá apresentar andar cambaleante, falta de sensibilidade nas 4 patas e paralisia dos 4 membros.
Nas hérnias a nível torácico ou lombar o animal irá apresentar paralisia dos membros posteriores (andar só com as patas da frente e arrastar as de trás) e perda de sensibilidade profunda.
O reflexo do panículo cutâneo pode estar diminuído ou desaparecer caudalmente à lesão.
Diagnóstico:
O diagnóstico estabelece-se com base na idade, raça, história e sinais clínicos.
Para chegar a um diagnóstico definitivo deve efectuar-se radiografia simples, análises do líquido cefalorraquidiano e mielografia.
Tratamento:
O tratamento da hérnia discal depende da gravidade do défice neurológico, da progressão do mesmo e das considerações económicas do proprietário. Cada animal deve avaliar-se individualmente.
Alguns animais recuperam com o tratamento médico, mas o atraso da intervenção cirúrgica pode ser negativo a longo prazo.
A deterioração e a progressão da função neurológica é um factor muito importante na altura de decidir o tipo de tratamento.
Se o paciente está estável, pode tentar-se um tratamento médico adequado. Se os sinais clínicos melhorarem, este tratamento deve ser continuado. Se a situação financeira do dono ou a saúde do animal fazem com que não seja possível efectuar a cirurgia, o dono deve ter consciência que a recuperação do animal pode ser lenta ou não progredir.
O tratamento médico demonstra-se mais eficaz quando a animal só apresenta dor, ou quando apresenta uma parésia leve (capaz de caminhar com leve desiquilíbrio, mais visível ao curvar, mas sem tendência a cair.) Nestas situações é fundamental o animal ficar restrito em jaula durante um período de 2 semanas, saindo só para pequenos passeios com trela. Este tempo de 2 semanas, permite que o anel fibroso do disco intervertebral cicatrize e evita o prolapso de mais fibras.
O tratamento cirúrgico é recomendado em animais com hérnias discais que apresentam dor e ataxia recorrentes e que não melhoram com o tratamento médico, nos animais em que se observa uma deterioração lenta e progressiva da sensibilidade e da locomoção, quando há uma perda aguda e grave da função neurológica.
O tratamento de eleição consiste na descompressão da medula e extracção do material discal do canal vertebral.
Prognóstico:
A evolução varia consoante o estado do animal e a opção do tratamento. A recuperação pode exigir períodos de fisioterapia e vigilância cuidada do animal.