Causa
A toxoplasmose é uma doença infecciosa provocada por um protozoário (Toxoplasma gondii). Este último comporta-se como um parasita intracelular obrigatório e o seu hospedeiro definitivo é o gato. O homem, o cão e outros animais de sangue quente, funcionam como hospedeiros intermediários deste protozoário.
Transmissão:
O gato infecta-se ingerindo carne que contenha quistos de Toxoplasma, ou seja, carne que o animal possa apanhar no lixo ou animais que ele possa caçar (pássaros e ratos).O homem e os cães, também se podem infectar comendo carne crua ou mal cozinhada, consumindo leite ou ingerindo os ooquistos esporulados provenientes das fezes dos gatos. Estes últimos podem-se encontrar nos alimentos (principalmente legumes), na água e na terra.Quando uma mulher ou um animal se infecta durante a gestação, o Toxoplasma pode atravessar a barreira transplacentária, atingindo o feto. Nos cães e gatos, a toxoplasmose congénita (infecção que ocorre quando o feto está na barriga da mãe) é rara, no entanto pode provocar abortos, nascimento de fetos mortos ou mortalidade logo após o nascimento.
Etapas de infecção
1) Etapa do esporozoíto
Os gatos que ingerem carne infectada procedente de um hospedeiro intermediário libertam o Toxoplasma enquistado na carne, permitindo que este invada as células epiteliais do intestino. A multiplicação do Toxoplasma dentro do intestino do gato faz com que sejam excretados, nas fezes do gato, milhões de ooquistos. Este período de excreção começa 3 a 10 dias depois do gato ser contaminado e dura 1 a 2 semanas. A forma eliminada pelo gato, não é imediatamente infecciosa. É necessário permanecer 1 a 5 dias no ambiente para se tornarem esporulados (forma infecciosa para os gatos e todos os outros animais, nomeadamente os cães e os humanos). Estes ooquistos esporulados podem permanecer infecciosos durante meses ou mais de 1 ano. O gato apenas começa a manifestar sinais de doença depois de já ter eliminado todos os ooquistos.Nota: Só o hospedeiro definitivo, o gato, pode excretar nas suas fezes, ooquistos de Toxoplasma que podem contaminar a água, a terra e os alimentos e contaminar os outros animais.
2) Etapa tissular aguda de infecção (etapa de taquizoítos)
Tanto nos gatos como nos outros animais, o Toxoplasma, após entrar no hospedeiro, entra na corrente sanguínea ou linfática e invade os tecidos. Quase qualquer célula e qualquer tecido podem ser parasitadas. Os taquizoítos crescem muito rapidamente dentro da célula e destroem-na, libertando microrganismos que infectam novas células. Este fenómeno provoca a morte de grande número de células e inflamação. Na maior parte dos animais, não se chegam a desenvolver sinais clínicos. O próprio organismo combate o parasita, fazendo com que este fique enquistado e tornam-se latentes.
3) Etapa do enquistamento tissular crónico (etapa de bradizoíto)
À medida que o organismo desenvolve a imunidade, desenvolvem-se bradizoítos (outra forma do Toxoplasma) que se multiplicam lentamente e formam quistos grandes nos tecidos (especialmente no músculo, cérebro e vísceras intestinais). Nesta fase, a resposta do hospedeiro intermediário é mínima, permitindo que estes quistos permaneçam de uma forma latente e crónica no organismo, sem causar sintomas.
Sintomas:
A maioria dos animais com Toxoplasmose são assintomáticos.A Toxoplasmose clínica é mais frequente nos gatos do que nos cães. Os sintomas gerais são falta de apetite, depressão, febre e outros sinais que variam de acordo com o órgão afectado (sinais oculares, respiratórios, neuromusculares, hepáticos, digestivos, cardíacos e reprodutores).
Diagnóstico:
O diagnóstico faz-se com base na demonstração de anticorpos anti-Toxoplasma no sangue, utilizando provas laboratoriais.Paralelamente podem existir alterações nas análises sanguíneas gerais e alterações radiográficas.
Tratamento:
Aproximadamente 60% dos animais recuperam com o tratamento antibiótico. No entanto, quando se tratam de fetos, a taxa de mortalidade é extremamente elevada, tal como em animais deprimidos.
Prevenção:
Prevenção nos gatos:
– Não dar carne crua, vísceras ou ossos e não deixar os animais mexer no lixo;
– Não permitir que o gato ingira leite não pasteurizado;
– Não permitir que o gato vagueie livremente por locais onde possa caçar (ratos e pássaros) para se alimentar;
– Não permitir que o gato coma moscas pois estas podem transportar ooquistos esporulados nas suas patas.
Prevenção nos seres humanos:
– As mulheres grávidas ou pessoas gravemente imunodeprimidas devem evitar o contacto com terra, fezes, camas dos gatos e carne crua.
– Não ingerir carne crua ou pouco cozinhada;
– Lavar bem as mãos e todos os instrumentos que contactem com carne crua;
– Ferver a água antes de a beber se a sua precedência for duvidosa;
– Limpar a caixa de areia dos gatos todos os dias, mudando completamente a areia e desinfectando-a com água a ferver.
– Utilizar luvas de jardinagem e lavar os vegetais cuidadosamente antes de os comer;
– Controlar a população de gatos abandonados para que estes não contaminem a água e o solo.
– Evitar a entrada de gatos em locais onde haja produção de carne (vacarias e galinheiros) e onde se guardam os alimentos destes animais de produção.
Nota importante:
Devido ao gato ter o cuidado de tapar as suas fezes, evitando que o seu pêlo fique contaminado, o contágio do ser humano por fazer festas ao seu gato é muito pouco provável.